quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vitrine



Era como se aqueles olhos já fossem conhecidos e que, de alguma maneira, ela já se sentisse próxima deles.
Resquícios dos antigos cacos de vidro ainda estavam presos ao seu corpo, como se cada vez que alguém se aproximasse, a confortasse, a abraçasse, as feridas se abrissem mais e tudo aquilo rasgasse o que ainda restava dentro dela.
Quando se deu conta, ela estava sozinha no meio da praça, olhando fixamente para um único ponto. Sentia que tudo dentro de si estava destruído de uma maneira irreversível.
Acordava toda manhã tentando se convencer de que tudo estava bem, mas era impossível. Ela era a garota pobre olhando o brinquedo caro através de uma vitrine quase invisível, mas que era capaz de a separar daquilo que ela tanto almejava.
Ela era tudo aquilo que não queria ser e não tinha nada daquilo que queria ter.

3 comentários:

  1. Sabe, mesmo sendo o seu lado triste ai, ficou lindo, de verdade. Eu ainda não te disso isso, mas você é uma das mais lindas pessoas que eu conheci, e você sabe qual beleza que eu estou falando. Te adoro, de verdade!

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  2. "Era era tudo aquilo que não queria ser e não tinha nada daquilo que queria ter."
    Um final forte, mas muito bom!!!
    Você deveria escrever mais vezes!
    Beijos!!!

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