
Era assim como ela se sentia:
Ele estava mudando. Empacotou todos os seus pertences e os colocou dentro do caminhão.
Tinha certeza de que não ia voltar mais. Havia deixado todo seu passado para trás, sem sequer pensar duas vezes.
Sem dar maiores explicações, ele se foi.
O caminhão que levava sua mudança queria chegar o mais rápido possível em seu destino. No caminho, porém, deixou cair uma caixa que continha um pequeno, vermelho e frágil abajur. O proprietário desse objeto iluminador dizia que ele era seu predileto entre todos os outros, que não conseguiria viver sem ele.
Finalmente, o caminhão chegou em sua nova moradia. Era como ele sempre sonhou.
O homem desempacotou todos os seus objetos e montou sua casa. Até colocou uma plaquinha que dizia "Lar, doce lar".
Construiu sua vida, seguiu em frente. Não podia estar mais feliz.
E, então, vocês se perguntam onde está o pequeno abajur, não é mesmo?
É, meus caros, o cara que disse não poder viver sem aquela luz construiu toda uma vida nova sem ao menos lembrar do abajur vermelho que tanto o ajudava, iluminando-o sempre.
Lá está ele se nenhuma luz, jogado ao chão, quebrado em mil e um pedaços que se estilhaçaram ao encontrar o asfalto cruel e impiedoso.
Está à espera de alguém que possa concertá-lo, juntar seus cacos e deixá-lo novo. Alguém que possa dar realmente valor àquela luz emitida por ele.
É assim que ela se sente.